Boa tarde a todos,
Gosto muito de um site do Brasil que está diretamente ligado ao Governo Federal Brasileiro, e foi desenvolvido pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome em parceria com a Universidade de Brasília. O website chama-se Ideias na Mesa.
Acho bastante interessante a forma como os profissionais da rede virtual "Ideias na Mesa" abordam diversos temas inerentes à nutrição e às políticas públicas de saúde. Acredito que essa rede une não só profissionais da área e afins, mas como também a população, ambos engajados na promoção da Saúde.
Dando uma olhadela no feed de notícias da página no facebook, deparei-me com a publicação de um documentário que acho riquíssimo passar adiante. O nome do documentário é: "Brasil Orgânico" e a descrição no Youtube fala da cadeia de alimentos orgânicos no Brasil, do produtor ao consumidor, e nessa viagem visitam "terras", e contam histórias de pessoas e ideais de vida. A meu ver isso é muito poderoso, e digo de antemão a razão: O Brasil é um país tão grande, tão rico, tão belo (e não estou puxando a brasa só porque sou brasileira); mas que ao mesmo tempo eclodiu enquanto potência mundial, e foi engolido pela globalização, assim como a maior parte do mundo. Contudo, acho de grande valor voltar às raízes, e incentivar o cultivo do plantio senão do próprio alimento, também do agricultor familiar, do agricultor de pequeno porte, para assim gerar um país mais igualitário e saudável.
No documentário relatam que o Brasil tornou-se também um dos países que mais consome os insumos tóxicos para agricultura, tais como pesticidas, agrotóxicos.
Em um artigo escrito há duas semanas pela PhD Andreia Nunes Oliveira Jardim, do Laboratório de Toxicologia da Universidade de Brasília, intitulado como: "Resíduos de pesticidas em alimentos: existe risco?" a pesquisadora corrobora que o Brasil está entre os países que mais utilizam os pesticidas no setor agrícola, e ao todo são 425 princípios ativos permitidos para uso. Dentro desse artigo também há explanação para os riscos à saúde do consumidor associados a ingestão aguda ou crónica desses resíduos, e as consequências podem ser severas, tais como: neurotoxicidade, hepatoxicidade, efeitos no desenvolvimento e câncer. Também é explicado que para avaliar o risco à saúde pela ingestão de tais resíduos tóxicos, é necessário correlacionar alguns fatores, entre eles a concentração do resíduo no alimento, a quantidade de alimento ingerida, e o potencial tóxico do pesticida. Alguns órgãos governamentais são responsáveis por fazer análises aos alimentos e verificar se a quantidade de resíduos está dentro do limite permitido por lei. Em um estudo feito, as amostras analisadas entre 2001 e 2010 mais de 40% apresentaram resíduos de pesticidas, das quais 5,8 % apuraram resíduos acima do limite permitido e 30,8% continham resíduos de organofosforados. Os alimentos que infelizmente apresentaram mais resíduos de pesticidas foram: maçã, mamão, uva, morango e pimentão.
Achei importante fazer referência a esse artigo sobre os pesticidas dentro da temática sobre o documentário "Brasil Orgânico", pois proporciona que pensemos um pouco sobre como esses vilões dos pesticidas podem ser mesmo "os maus da fita" não só para nossa saúde, como para o crescimento social do país.
Vejamos: os agricultores que fazem monocultora em áreas vastas, certamente vão utilizar pesticidas para poder controlar as pestes, e depois conseguem produzir mais e mais, e vender a menores preços, muito competitivos para o pequeno agricultor, que tem sua horta e vende na região da sua casa. Mesmo assim, as pessoas optam por comprar o mais barato, e que pode mesmo sair mais caro, para a saúde e para a sociedade, já que os "peixes-pequenos" perdem seu espaço no setor.
Agora fazendo uma pequena comparação com Portugal, que em dimensão é um país muitas vezes menor do que o Brasil, entretanto, está inserido dentro da União Europeia, que por sua vez é a terceira maior consumidora de agrotóxicos no mundo, e no ranking dentro da Comunidade Europeia, Portugal ocupa o amargo primeiro lugar, seguido da Holanda e França, em segundo e terceiro lugar, respectivamente. Essa estudo feito pela consultoria Kleffman foi encomendado pela Associação Brasileira de Agronegócio, que ainda posicionou o Brasil em 6º lugar, e o líder mundial do consumo de agrotóxicos são os Japoneses. Veja mais aqui
Só uma curiosidade para constar: nem todo alimento proveniente de agricultura familiar é de agricultura biológica, embora seja mais comum (e vantajoso a muitos níveis) essas duas vertentes coexistirem. Para o pequeno produtor, ou agricultor familiar, a agricultura biológica é uma mais valia e incrementa "as origens" dos alimentos. Por exemplo, é mais bem visto (e quisto) uma maçã de Alcobaça de origem biológica, do que uma maçã comprada nas grandes superfícies que vem de Espanha. Para além de que a base da Dieta Mediterrânica é precisamente: dar preferência aos produto locais, tradicionais e amigos do ambiente, o que incita pensarmos que a agricultura biológica é uma predileção da Dieta do Mediterrâneo.
Esses dois últimos parágrafos são grandes paradoxos... Um país que é promovido por sua Dieta Mediterrânica, que promove a agricultura biológica, ser o mesmo país que está no primeiro lugar dentro da União Europeia a consumir mais pesticidas... Algo aqui não está bem.
Sendo assim, só me resta pedir que, sempre que possível, verifiquem as origens dos alimentos que põem a vossa mesa, e que não deixem as raízes provincianas de "buscar" ou "receber" alimentos da "terra" como cá é costume dizer, pois normalmente esses alimentos são biológicos e mais saudáveis, porque estão livres dos resíduos de pesticidas, já que não levam os tais agrotóxicos.
Abaixo deixo a Pirâmide da Dieta Mediterrânica, para que vejam como esse estilo de vida ainda é o melhor.