quarta-feira, 18 de junho de 2014

Espargos/Aspargos - Um olhar aprofundado desde a produção ao consumo: fatos nutricionais de um vegetal tão rico

Bom dia queridos leitores,

Tem sido um mês cheio de novidades boas, atualização profissional e bastante trabalho (o que é ótimo), por isso tenho as publicações mais lentas do que gostaria, mas ainda assim todos os dias tem uma.

Como prometido, vou falar um pouco sobre os Espargos (PT)/Aspargos (BR):

No Brasil, o consumo de espargos é crescente, mas não abrange toda a população, pois o vegetal é importado do Peru quase na sua totalidade, com exceção frente a uma pequena produção no sul do Brasil. 
Segundo o site BrasilGlobalNet, em um estudo realizado em 2008, os aspargos preferidos dos brasileiros são os brancos e de calibre maior, de acordo com dados de uma análise ampla do mercado brasileiro para aspargos peruanos. A via de importação do aspargo varia entre aérea e marítima, sendo que a primeira é utilizada para aspargos frescos, e a via marítima usada para o aspargo preparado, em conserva e congelado. Vou deixar o estudo nesse link para quem quiser se aprofundar: Mercado Brasileiro para Aspargos Peruanos.
Mas a realidade é que não é um produto natural de consumo da população brasileira, e existe até um olhar de vislumbre em relação ao vegetal, pois é tido como nobre, ou destinado a uma pequena fatia da população que tem condições de pagar atualmente uma variação entre 12,00 a 30,00 reais (4,00 a 10,00 euros) por apenas 200g a 400g de produto, quer seja fresco, quer seja em conserva. O que de fato é muito caro.

Cá em Portugal, consome-se espargos com regularidade e faz parte da dieta dos portugueses, pois apesar do preço ser relativamente mais alto do que outros vegetais, as propriedades do espargo justificam sua compra e consumo (valores que rondam os 4,00 a 5,00 euros, por 500g de alimento). Contudo, existem determinadas regiões onde os espargos são mais consumidos, e nem precisam ser comprados, pois são colhidos de forma selvagem/silvestre na natureza, isso ocorre principalmente nas províncias alentejanas e da região da Beira Interior/ Beira Baixa.

Os espargos da região do Baixo-Alentejo, mais especificamente da região de Alvito crescem com muita qualidade, em recente entrevista que fiz ao senhor Luís Trindade, responsável pela empresa Alvispargos, o mesmo teve a amabilidade de responder a todas as minhas dúvidas em relação à produção de espargos em Alvito.


Leiam abaixo na forma de pergunta e resposta, essa conversa com o Senhor Luís Trindade.

Thaís Ramos - Nutrir o Saber  
"A espargueira fica em repouso vegetativo, depois é cortada mecanicamente? Posteriormente é esperado rebentar os turiões (qual o tempo de espera)? Chega a época da colheita, como ela é feita? (manualmente, mecanicamente, ou de ambas as formas?). Em relação ao tipo de espargo, ele é selvagem/silvestre ou de cultura? A Alvispargos utiliza agrotóxicos na produção dos espargos ou o vegetal é biológico?"

Luís TrindadeAlvispargos
"Os espargos por nós produzidos, são biológicos certificados e são de cultura, isto é, não selvagens.
O ciclo do espargo tem inicio em fevereiro/março com a rebentação dos turiões (espargos),que são apanhados à mão, dois meses depois nascem as plumas, parte aérea, a qual seca no final do ano. Nessa altura é cortada com máquina e o terrenos fica sem qualquer vestígios de espargos. Em fevereiro voltam a nascer, isto repete-se durante cerca de 8/9 anos."

Vejam o link da empresa que é bem interessante para demonstrar a forma como os espargos são produzidos, colhidos, embalados e transportados.

Como tenho autorização da Alvispargos para divulgar as fotos neste artigo, vejam abaixo que interessante o método utilizado por eles, conforme descrito pelo Senhor Luís Trindade na entrevista:
















Nutricionalmente falando:

Os espargos verdes cozidos contêm a cada 100g de alimento:

- 48% de hidratos de carbono
- 52% de proteína
- 17 kcal (isso mesmo, ele é um vegetal hipocalórico)
- água (é riquíssimo nesse bem essencial)
- 1,2g de fibras
- vitamina A, carotenos,vitaminas do complexo B (niacina, tiamina e riboflavina, vit. B6), vitamina C, folato, sódio, potássio, magnésio, e uma quantidade pequena de ferro e zinco (0,6mg a cada 100g de espargos, ambos os minerais).

A vitamina A é importante para a saúde da pele, olhos, dentes, cabelos e ossos, também auxilia no crescimento e aumenta a resistência a infecções em crianças.

A vitamina tiamina (B1) favorece o funcionamento dos músculos e do cérebro, e facilita a absorção da glicose no cérebro.

A vitamina riboflavina (B2) é coadjuvante no crescimento, na formação de hemácias (células vermelhas do sangue), integridade da pele, mucosas e da visão.

A vitamina niacina (B3) é importante para a produção de energia nas reações celulares.

A vitamina B6 atua nos processos de: obtenção energética dos alimentos, regulação da tensão arterial e função cardíaca e produção de anticorpos.

Com uma sopa de espargos, ou espargos cozidos, ou espargos com ovos é perfeitamente atingível as recomendações das vitaminas do complexo B presentes no alimento (B1, B2, B3, B6).

Vejam que apetitosa essa sopa que fiz aqui em casa um dia desses:


































Quase tudo é aproveitado, após a limpeza dos espargos, que eu inclusive já citei em outro artigo no blogue (Como limpar espargos de forma simples). Os talos cortados bem miudinhos servem depois para deixar apurar com a sopa já passada, e em 05 a 08 minutos está cozido, e a sopa pronta a servir.

Nessa sopa eu utilizei:

- 250g Espargos Verdes 
- 01 Cenoura Grande 
- 07 Batatinhas de Conserva (são pequenas) 
- 01 Cebola 
- Água de boa qualidade (filtrada ou da torneira, se for de confiança) 

Eu não costumo colocar gordura nenhuma em determinadas sopas (nem o azeite), e a "Sopa de Espargos" é um caso clássico, pois gosto de sentir o gosto do vegetais sem a interferência da gordura. Fica a gosto, se quiserem moer pimenta preta sobre o prato.

Bom apetite a todos, e espero que tenham gostado.

O meu sincero agradecimento a Alvispargo, e ao Senhor Luís Trindade, que foi tão solícito nas respostas.

Abraços nutridos,

Thaís Ramos
Nutricionista e Especialista em GQSA


Fontes bibliográficas:
Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge - Tabela de Composição dos Alimentos
BrasilGlobalNet
Alvispargos

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