quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Sobre estilo de vida e harmonia na alimentação

Olá caros leitores,

É com grande prazer que venho escrever neste espaço virtual para poder transmitir a vocês mais saúde e informações sobre alimentação e nutrição.

Quase todo mundo já deve ter ouvido falar que uma alimentação para ser equilibrada tem que ser variada (não estou dizendo para variar no "fast food", nem no "sushi"), a oferta de alimentos que nos proporcionamos ou oferecemos aos outros é o ponto chave para viver de forma saudável, certamente ao falar em equilíbrio o cérebro logo em quantidades e esse é outro ponto para viver em harmonia com seu corpo.

Ao respeitar a cultura, religião, e estilo de vida de cada um vivemos em cidadania e como sociedade pluralista e multicultural. Contudo, faz-se necessário progredir nesse mundo globalizado, e o "ter" passa a possuir menos importância, uma vez que as doenças não escolhem cor, credo ou classe social. 

O que fazer mediante tantos pacotes, caixas, produtos congelados, embalados, prontos para consumo que cada vez mais assolam quem vai ao supermercado? Aconselho sem sombra de dúvidas: devemos evitar ao máximo esse estilo de vida, sabem, rotulei esse estilo de vida de "corre-corre". E nas consultas tento brincar com meus pacientes, para descontrair o assunto tão sério que é se alimentar erroneamente a longo prazo, e pior criar os filhos a achar que comida é Mc Donalds, qualquer restaurante do Centro Comercial ou os "take-away" vendidos nas grandes superfícies. Esse "corre-corre" um dia acaba, e sabem como? Quando para definitivamente um membro da família por doença. O povo sempre diz: "Só damos valor a saúde quando já não temos saúde". E não é que o povo tem razão? E haja razão nisso!

Como evitar o estilo de vida "corre-corre":

1) Planear a semana é uma ótima opção, e dentro desse planeamento há que ter atenção para dissolver o mistério do "O que vamos comer hoje?". Isso não tem que ser pergunta diária; esporadicamente é perfeitamente natural não ter regra num domingo, quando não apetece cozinhar e todos comem sandes e fruta e está feito. Não acho condenável esse tipo de atitude, porque a vida também deve ser vivida na sua espontaneidade. Contudo, quando se trata de alimentação, sempre sugiro que façam uma lista de compras e comprem o essencial no supermercado (mercearia, produtos de limpeza, produtos descartáveis), e se puderem comprem ao menos 50% do que consomem em mercados biológicos da sua zona, basta se informar que sempre há algum.

Quando compramos em mercadinhos locais, além de ajudarmos a economia, estamos também a poupar. Pois fiz uma comparação recente entre um Mercado Agro-Bio e os produtos biológicos vendidos nos hipermercados e a disparidade é grande, isto é, sai mais barato comprar no mercado local. A comida biológica ainda é muito dispendiosa, e sei que em média apenas 1/3 da população portuguesa deve ter acesso a esse tipo de comida. Contudo, se pensarmos que nas aldeias ainda há produção biológica, feita exatamente como os antepassados faziam e muitas vezes ainda é a mesma sementeira, de anos a fio. Isso é tão confortante, é como um bálsamo saber que ao menos nas aldeias comem sem pesticidas e outros agrotóxicos.

A população portuguesa não é assim tão grande, e sempre há familiares que tem uma "terra" onde plantam algo para consumo próprio. Se vocês não forem tão chegados, que tal entrarem em negociação e ajudar com a compra de algo, ou até mesmo pagar por produtos biológicos das aldeias. As pessoas que tem excedentes costumam vender, e concordo que embora você gaste o gasóleo para se deslocar até a tal aldeia, é sempre bom saber o que está a comer e oferecer à sua família.

No meu caso, tenho minha sogra que passa o verão como as formigas, a plantar e criar aves para depois no inverno ter a arca cheia de alimentos bons. É claro que ao longo do verão o que vai sendo colhido é consumido em parte. E tenho uma confissão a fazer: se não fosse a pacatez tamanha das aldeias e a falta de trabalho eu viveria lá para sempre. Cheiro de relva, cheiro de mata depois da chuva, respirar o ar na floresta, cuidar das galinhas, da horta, das flores... Acho fabuloso! É um dom, que poucas pessoas têm e menos ainda o utilizam.

E como disse acima, consigo consumir pelo menos 50% de comida orgânica/biológica e sou grata por isso. Mas não compraria no mercado, pois a maior parte dos alimentos têm um valor seis vezes mais caro do que o alimento corrente vendido nas grandes superfícies.

Voltando aos passos para evitar o estilo de vida "corre-corre":

2) Envolver-se mais na culinária doméstica, e permitir aos filhos que ajudem na elaboração de alguma preparação, sempre sob a supervisão do adulto.

3) Respirar mais ar puro, estar em contacto com a natureza, ajuda a relaxar e pessoas relaxadas não devoram o que tem no frigorífico e na despensa. Permitir-se ao menos uma vez por semana fazer atividades ao ar livre, com os filhos (ou não), mas tentar relaxar.

4) Na contramão de atividades relaxantes, para evitar o estilo de vida "corre-corre" é imprescindível libertar endorfinas (neurotransmissor que gera sensação de prazer), pessoas felizes não vivem correndo, com o horário sempre apertado, sem tempo para as refeições, sem tempo para os filhos, sem tempo para viver. O trabalho traz o sustento, mas é necessário separar alguns momentos para a família. Como libertar endorfinas? De duas formas muito simples: exercício físico ou sexo. Portanto, vá caminhar, nadar, correr, e por que não, namorar?

5) Uma boa noite de sono faz toda a diferença. E não há muitos argumentos, é dormir bem e ponto final.

Depois dessas informações fica fácil entender que é gostoso, prático e mais barato cozinhar. E há quem diga que cozinhar também dá prazer, eu acredito que seja mais uma questão pessoal. Mas adorando ou não, cozinhar mais vezes em casa só fará bem a você e sua família.

Usem o que temos de mais maravilhoso a nosso favor: a dieta mediterrânea. Comam produtos de mercados locais, estejam atentos ao nível de stress e tentem relaxar, façam atividades em família e ao ar livre, e lembrem-se que o seu par pode ajudá-lo (a) a relaxar. Quem sabe até aumentamos a natalidade desse país que anda tão baixa (risos).

Enfim, para harmonizar sua vida a energia deve ser proveniente dos alimentos sãos, quanto mais colorido o prato melhor (pois os micronutrientes, tais como: vitaminas e minerais são mais abundantes quando oferecemos uma diversidade de alimentos) e cada alimento tem sua cor e a pigmentação está relacionada com funções específicas, como por exemplo os alimentos de cor púrpura ou roxo: são ricos em antocianinas, que tem atividade antioxidante e atuam no combate aos radicais livres. Alguns compostos fenólicos também possuem atividade anticancerígena e anti mutagênica, como é o caso do ácido elágico, presente em morangos, toranjas e alguns tipos de nozes.

Variem, diversifiquem, entrem em harmonia com os alimentos, a natureza e a energia vibrará dentro de vocês :)

Abraços nutridos,

Thaís Ramos
Nutricionista


Fonte: Instituto Superior Técnico - Universidade de Lisboa : http://web.ist.utl.pt/palmira/antocianinas.html


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